domingo, 31 de maio de 2015

Sobre o Mundo

O mundo é um lugar redondo por onde as pessoas se distribuem. As pessoas em geral, são o que fazem o mundo diferente de lugar pra lugar. Quero dizer, eu, Jean, gostaria muito de morar no Canadá. Não sei por que, eu tenho uma admiração por esse lugar, é bonito, frio,.. é agradável me imaginar morando lá. Mas o que faz o Canadá ser melhor do que o Brasil são as pessoas. Imagina por exemplo se, por algum evento místico a população do Brasil e a do Canadá trocassem de lugar, é bem capaz de se crer que eles fariam um ótimo serviço aqui, tanto quanto fazem lá, e, em contrapartida, é bem razoável crer que os Brasileiros (os que não morressem de frio) construíssem uma civilização tão porca lá quanto nós temos aqui. E é bem razoável que, nessas condições, eu - Canadense - estivesse agora sonhando em ir morar no Brasil.

E pra mim isso tudo só se dá por um motivo: educação.

Sexta feira agora deu um Globo Repórter sobre a Nova Zelândia. O país é um composto de duas ilhas no lado da Austrália - ok, todo mundo sabe. O caso é que me chamou atenção uma coisa sobre o que ao longo do programa foi repetida várias vezes: que "voluntários" fizeram X, "voluntários" fizeram Y, "voluntários" fizeram Z. As trilhas de Mountain Bike? Voluntários. O trabalho de preservação de pinguins? Voluntários. A restauração de uma floresta inteira? Voluntários. Ao que me parece, apesar de que eu não tenho muita amostra pra poder tirar conclusões, mas arriscando o palpite, quando um país é educado ao longo de pelo menos uma geração, o que se vê é que as pessoas passam a enxergar as coisas de uma maneira mais ampla, concebendo um quadro geral, o contexto todo, e por causa disso, começam a destinar suas vidas a algo maior do que a si mesmos, "construindo" uma sociedade. "Construindo", é a palavra. Depois da reportagem, tive vontade de ir morar na Nova Zelândia, tanto quanto no Canadá. Aliás, quero morar em qualquer lugar, contanto que eu more num lugar onde as pessoas querem contribuir pro coletivo.

E é engraçado como as pessoas, quanto menos educadas, mais ligadas à terra, como se o lugar onde alguém nasceu dissesse alguma coisa sobre quem ele é. "Eu sou gaúcho, então tenho que comer carne". "Eu sou brasileiro, gosto de samba". Sério?? Eu que só observo, e ando num momento reflexivo, constatei é que eu sou cercado por pessoas incríveis, que a todo momento fazem coisas incríveis. Um cria um site e vai estudar nos EUA; outro é um ótimo empregado e vai morar na Irlanda; tem aquele que preferiu formar uma bela família e está no seu terceiro filho; e tem o que é gênio do design e formou o próprio coletivo; e aquela que largou tudo pra abrir seu próprio negócio; sem falar no cara que viaja o Brasil por causa de sua empresa, o cara que foi fazer mestrado na Alemanha, ou o que tem uma carreira acadêmica brilhante na Física Experimental. Mas nessas pessoas todas, o que eu tenho visto é um desprendimento incrível do lugar onde vivem, porque são capazes de mudar de lugar ou de mudar o lugar. Porque aparentemente o lugar não importa, e sim as pessoas.

E isso me coloca no meu ponto inicial. São como são porque são educados.

Eu, nisso, tenho então, duas opções de vida. 1) migrar; 2) transformar.

Eu tenho a vontade, e ela já foi expressa em outros momentos, e inclusive em outros blogs, de fazer alguma coisa pelo coletivo, pelo social, pelas pessoas que precisam. Mas eu não rejeito a ideia de que, bom, um dia quero ter filhos e quero que eles sejam criados da melhor forma possível com a melhor educação possível. Por isso eu me vejo no Canadá. Mas por outro lado, me parece que lá já tem gente que chega fazendo o bem comum. Parece que aqui existe material farto pra construir o que quer que seja. Parece que aqui as pessoas ainda precisam de ajuda, ainda precisam ser educadas. E, por Deus, por algum motivo Ele me fez inteligente. Por mais que eu queira fugir, parece que aqui é o lugar onde eu deveria estar o tempo todo, pra construir, pra melhorar.

Talvez algum dia eu imigre. Talvez algum dia inclusive eu faça uma viagem, fique um ano ou dois e volte. E talvez eu volte de novo pra lá. Mas o que eu não quero é ser mais uma pessoa. Eu quero deixar a minha marca nesse mundo. Pode ser uma empresa, um coletivo, um grupo de apoio, um teorema, o que quer que seja. Mas alguma filosofia tem que sair da minha cabeça. E é por isso que eu tenho que deixar essa zona de conforto e encarar a realidade. E a realidade é onde eu não estou. Porque onde eu estou as coisas simplesmente acontecem, sem nenhum esforço. As horas, e os dias e os anos passam diante de mim e eu não sinto nada. E nisso eu existo sem ser, pelo menos sem ser plenamente. Eu preciso de uma dose de mim em que eu possa dizer "eu estive" ou "eu fiz", e depois então eu posso ir embora satisfeito desse mundo. Porque o mundo é o meu lugar, não importa onde eu nasci ou onde eu morei. O mundo é o lugar onde as coisas acontecem, e eu quero passar por aqui tendo feito algo acontecer. Onde não importa, contanto que seja no mundo.

Paztejamos

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