domingo, 22 de março de 2020

Estúdio Ghibli - Algumas impressões

Há alguns dias eu soube que o Netflix havia disponibilizado uma boa quantidade de filmes do estúdio Ghibli -- sobre o qual eu muito ouvi falar bem, mas nunca soube quais filmes havia produzido, com a exceção óbvia do "A Viagem de Chihiro" --, e então resolvi conferir o que tem de bom aí.

Eu assisti A Viagem de Chihiro, Meu amigo Totoro, Princesa Mononoke e Nausicaä, então, bom, são quatro filmes dos quais dá pra tirar um "padrão", mas admito que não são uma amostra muito grande. Nos próximos dias (especialmente em função desse isolamento do Coronavírus) eu pretendo continuar, mas até aqui eu já tive uma série de impressões boas, e quero escrever sobre algumas.

A primeira e mais óbvia, e que eu creio que grita à atenção de qualquer pessoa ocidental, é a quantidade de folclore japonês associado. Tal como a gente é acostumado a ver fadas, dragões, ogros, elfos, duendes e bruxas nas produções ocidentais -- e nem nos chama a atenção porque são o folclore imediato da nossa cultura --, nas produções do estúdio Ghibli têm kamis, raposas, espíritos maus e bons, fanfarrões e obstinados... e não é só num ou noutro filme: todos eles envolvem uma dimensão mais ou menos "fantasiosa".

Outra coisa claríssima é que as histórias sempre têm uma espécie de "equilíbrio com tensões", e as personagens principais -- geralmente meninas -- são as únicas que conseguem ver todos os lados, inclusive os dos "vilões", que em geral são pessoas boas em algum aspecto, apesar das maldades que fazem. A exceção aqui é Princesa Mononoke, onde apesar de a princesa dar nome ao filme, o personagem principal mesmo ser o Ashitaka, e ser ele quem tenta evitar o ódio e as mortes da guerra.

As personagens principais sempre têm uma vida "dolorosa" de alguma forma, e apesar de serem sensíveis e sentirem o sofrimento do outro, sempre carregam sozinha algum dilema ou dor ou decisão difícil, e é o que dá a ideia de que são personagens "fortes". Os vilões parecem ter um senso de bondade estreito e serem bons "do seu modo", preocupados apenas com os seus, ou preocupados em eliminar os outros pra proteger os seus -- e é isso que os faz vilões. Mas nenhum deles parece ser intrinsecamente mal. Ainda, no Meu amigo Totoro não há um vilão aparente, apenas a doença que mantém a mãe de Satsuki no hospital.

Os filmes têm mortes, e dilemas morais, e personagens com densidade, e sofrimento diante de situações duras, e portanto alguém pode dizer que não são filmes pra criança -- mas sim, eles são. Esses são os heróis que as crianças deveriam começar a ver pra se defrontar com situações verdadeiras da vida -- ainda que de uma forma fantástica e imaginativa --, em vez daqueles programas idiotizantes que passaram a produzir de uns 20 anos pra cá, que só serve pra permitir que os pais descansem enquanto o guri fica ali hipnotizado com porcaria. Mas ok, são filmes, então não tem muito pra ver -- apesar de eu conhecer criança que vê o mesmo filme dos backyardigans quinze vezes por dia...

Enfim. Essas são minhas impressões. Tirando o filme do Totoro -- cujo universo não tem nada de mais --, cada um dos filmes tem um lore, um contexto, que poderia ser muito explorado, e o ambiente inventado ali dá espaço pra vários filmes, séries, produções ...que ... lamentavelmente não existem.

Paztejamos.



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