segunda-feira, 6 de abril de 2020

Teologia Fundamental II -- Padre Pedro



0:25 - A defesa da fé no século I.
>> acusações bizarras.
>> cristãos eram pouco conhecidos.

2:20 - No século II as acusações já são de tipo social.
>> Padres apologistas se defendem (São Justino, Tertuliano).
>> Se dirigem às autoridades não cristãs (ao imperador)
>> Usam argumentos racionais (até porque o imperador era pagão).
>> Tertuliano: Se qualquer coisa acontece, o pessoal já vem com "Lançai os cristãos aos leões".
>> cristianismo é acusado de ateísmo (por não prestar culto aos deuses de Roma)

5:10 - No século III surgem ataques não só de pagãos, mas também de apóstatas.
>> Celso e Porfírio são os mais famosos.
>> Celso: "o cristianismo é uma doutrina irracional que se difundiu entre pessoas ignorantes aproveitando-se da sua credulidade."
>> Orígenes escreve um tratado "Contra Celso".
>> Orígenes diz que é razoável fazer escolhas meio incertas, tentando acertar, e depois ir vendo, analisando, verificando se tá certo mesmo ou não.

7:59 - Século IV o Imperador Constantino se converte e ocorre a ascensão social do cristianismo e a queda do "paganismo".

8:20 - Episódio do Altar da deusa Vitória (Nice ou Nike).
>> Símaco, prefeito de Roma, escreveu em favor da estátua da deusa Vitória.
>> [Procurei o trecho inteiro do Símaco, mas infelizmente não achei. Soa bonito. Achei esses trechos, que mais ou menos "antecedem o trecho mencionado, em espanhol:

Por consiguiente reclamamos la situación de los cultos que durante mucho tiempo fue beneficiosa para el Estado. No hay duda de que podrían enumerarse príncipes de una y otra doctrina, de una yotra creencia. De ellos, los más antiguos practicaron los ritos de nuestros padres, los más recientes nolos suprimieron. Si el culto de los antiguos no sirve de modelo, que sirva el disimulo de los más próximos. ¿Quién es tan allegado a los bárbaros que no reclame el ara de la Victoria? Somos precavidos con respecto al futuro y evitamos los portentos producidos por cambios de situación.¡Que por lo menos se devuelva a su nombre el honor que se ha denegado a su numen! Vuestra Eternidad debe mucho a la Victoria y aún le deberá más. [...] no abandonéis vosotros un patrocinio favorable a los triunfos. Ese poder es apetecido por todos.
[...]
Lo cierto es que cada uno tiene sus propias costumbres, sus propios ritos: la inteligencia divina ha asignado a las ciudades cultos diversos para su protección; como las almas entre los que nacen, los Genios del destino se distribuyen entre los pueblos. […]10. [...] Contemplamos los mismos astros, el cielo es común a todos, nos rodea el mismo mundo.¿Qué importancia tiene con qué doctrina indague cada uno la verdad? No se puede llegar por un solo camino a un secreto tan grande. Pero éste es un debate propio de desocupados; ahora exponemos ruegos, no controversias. [texto que tirei daqui]

(a parte em itálico é a que foi mencionada no vídeo).]
>> Santo Ambrósio diz que "o que vocês procuram por meio de suposições, nós experimentamos à sabedoria e à verdade do próprio Deus". Ele sugere que o cristianismo não é só mais um produto cultural, mas é "revelado" por Deus.
>> O Santo Ambrósio soa sectário, mas depois defende a liberdade de defender qualquer ideia. Fiz um esforço pra achar as cartas dele mas não encontrei de jeito nenhum =/

14:09 - Disputa entre Agostinho e outro Romano chamado Marco Terêncio Varrão.
>> Três discursos sobre Deus: Mítico, cívico e naturalis.
>> Mítico é o discurso dos poétas.
>> Civinis, civil, é a religião de um povo (a que Símaco está defendendo aparentemente).
>> Naturalis é o deus dos filósofos; Bem, motor imóvel, aquilo de que Platão e Aristóteles falam.
>> As duas primeiras se uniram, mas a terceira ficou isolada.
>> Agostinho vai afirmar que o deus dos cristãos é o Naturalis, é o Deus da Verdade, o Deus verdadeiro. E que esse Deus veio a nós e se fez ouvir.

18:00 - menção a uma conferência do cardeal Ratzinger chamada "Cristianismo: a vitória da inteligência sobre o mundo das religiões". E a ideia é que o Deus da Verdade se pôs sobre os deuses das religiões.

19:00 - Idade Média: Unidade da Verdadeira Religião.
>> Ápice: escolástica.
>> séc 13 -- Guilherme de Occam. Ruptura com a unidade do cristianismo.

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Algumas observações:

- Eu não gosto da apresentação de Símaco, que me soa conservador, mas também não gosto da apresentação de Santo Ambrósio, que me soa sectária. Eu teria que ler mais da argumentação pra chegar a uma opinião, mas hoje eu vejo a posição de Ambrósio um pouco prejudicada. O que me é curioso é que Ambrósio argumenta pelo não-ídolo, não pelo ídolo oponente. Me pergunto o que Ambrósio diz sobre imagens (se é que ele diz algo a respeito)...

- Os protestantes tem muitíssimas dificuldades de aceitar essa história, tal qual narrada aí. A impressão que eu tenho é que os protestantes têm os pais da igreja do lado deles, como os fundadores de uma fé que depois que o catolicismo vira mainstream no século IV acaba mudando muito. Então aí tem dois períodos narrados num só. Um da antiguidade cristã, em que os cristãos são marginalizados e tem uma estrutura bem menos uniforme (e rola todo tipo de influência espiritual grega/romana no meio); e outro em que o catolicismo é hegemônico, e as outras religiões é que precisam se defender dele.

E aí mora pra mim uma forte dificuldade com a religião cristã, que é que ela se afirma 'perene', mas muda o tempo todo. A sua própria "formulação" é uma mutação, um sincretismo, do judaísmo e dos helenismos já existentes.

- O título da palestra do Ratzinger me agrada. A imagem me agrada. Uma religião científica, uma religião em que o próprio Deus é a Verdade, em que o primeiro mandamento é justamente aprender, conhecer, estudar ... porque isso é amar o Deus Verdade acima de todas as coisas.

Só que não é nisso que o cristianismo vira. Ele tem o potencial de ser isso, e eu acho que passados dois mil anos nós chegamos (por caminhos muito tortuosos) numa versão mais ou menos deformada disso. E eu ainda acho que dá pra caminhar nessa direção, mas tanto o catolicismo quanto o protestantismo se engessaram em seus próprios modos. O catolicismo na infalibilidade papal, o protestantismo no sola scriptura...

- Além disso, eu não vejo como o catolicismo não seja igual -- IGUALITO -- a qualquer paganismo. Os católicos tomam uma afirmação dessas como ofensa, afronta, até blasfêmia, mas eu acho injusto. Os paganismos não são feios. Aliás, o que afinal é "paganismo"? eu acho que os politeísmos são tão diversos que botar eles todos num balaio assim é uma como a parábola dos cegos e do elefante mencionada no vídeo passado: tu acaba descrevendo uma coisa muito grande apalpando só uma parte. Aliás, é exatamente disso que parece que o Símaco está falando: as experiências dos diversos paganismos, e do cristianismo inclusive, são tantas e tão diferentes, que tu não pode descartar uma em favor de outra, sob pena de fazer como os cegos. O melhor seria apalpar o elefante inteiro e daí de repente chegar a alguma conclusão: e essa sim seria a conclusão verdadeira, aquela que satisfaz o Deus Verdade (que eu ainda tenho a vontade de que possa ser o Deus cristão).


Paztejamos

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