segunda-feira, 6 de abril de 2020

Teologia Fundamental I -- Padre Pedro



1:40 - Parábola dos cegos e do Elefante (trazida pelo então cardeal Ratzinger). A ideia de que a fé não entra no plano da razão, porque é um plano muito amplo e sutil pra que se façam elaborações lógicas.

3:30 - Parábola das formigas, que Deus tem dois ferrões. A ideia contrária, de que a razão não consegue acessar os mistérios da fé, de que a nossa visão de Deus sempre vai ser limitada.

4:55 - Comentário sobre o desprezo à doutrina cristã no nosso tempo.

7:00 - Começa a narrativa histórica com enfoque de fé e razão, começando em Jesus.
>> Jesus é um Rabi.
>> Ele dialoga.
>> Pitágoras não permitia perguntas antes dos 5 anos. Jesus permite desde o começo.
>> Ele argumenta com os escribas e fariseus.
>> Cita a Bíblia e dá argumentos lógicos.
>> Desmascara atitudes incoerentes dos oponentes.
>> Tem um discurso RACIONAL.

9:00 - "Ao mesmo tempo, não se trata de uma racionalidade fria, como se fosse um professor de matemática".
>> Credes nas obras.
>> Veio para dar "testemunho" (martíria) da Verdade, não só nas palavras, mas também nas ações.
>> Não dialogava com quem não estava aberto ao diálogo.

11:18 - Terceiro elemento que faz com que os outros creiam: a Graça.

11:38 - Três características da fé: é Racional (não o mesmo que dedutível), é Livre e é um Dom.
>> Os apóstolos têm um discurso Racional.

13:55 - "Que vossa conversa seja sempre agradável, com uma pitada de sal, de modo que saibais responder a cada um como convém."

14:56 - "Estais sempre prontos a responder para vossa defesa (apologia) a todo aquele que vos pedir a razão da vossa esperança, mas fazeis com suavidade e respeito, tendo a consciência reta, afim de que mesmo aqueles que dizem mal de vós sejam confundidos os que desacreditam no vosso santo procedimento em Cristo."

16:20 - A razão e a vida, mas também a Graça -- conforme Paulo aos Coríntios. "Não fui com o prestígio da eloquência nem da sabedoria anunciar os testemunhos de Deus."

17:45 - O evangelho se espalha, e vai se expressar em grego, que era na época e contexto a língua franca. Daí sai palavras como "ágape", ou "logos".

19:30 - As batalhas pelas palavras foi significativa. O arianismo foi derrubada com "homousios" (co-substancial). Ario separa o Pai como Deus e Jesus como uma criatura. Venceu Jesus como sendo Deus no concílio de Niceia.

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Alguns comentários.

1) Sobre a parábola do elefante, o que eu percebo é que, bom, a fé pode muito bem ser um produto de cegos apalpando um elefante, mas o elefante existe e está presente, e quem tem olhos pra ver, o enxerga. A atitude razoável então deveria ser a de "apalpar a maior parte possível afim de criar uma imagem maximamente coerente", e eu digo que essa deveria ser a atitude do cristão que tem a Verdade como sendo o seu Deus.

2) Dá pra partir do princípio de que Jesus é coerente com o que fala, e eu acho isso plausível. Ele é um professor que ensina algo e vive o que ensina. Ótimo. A pergunta é: o que ele ensina? isso tem sido motivo de batalha desde, bom, desde o tempo dos apóstolos -- e inclusive Pedro e Paulo têm uma rixa por isso. Paulo e Tiago também dizem coisas mais ou menos incompatíveis e, bom, da perspectiva de um cristão dos tempos de Jesus, talvez seja um pouco estranho ter Paulo como o cara que mais influencia o cristianismo dos primeiros séculos. Um cara que perseguia os cristãos, e depois se converteu... ótimo, mas como as cartas dele viraram tão influentes e não outros escritos? Não sei, é uma dúvida minha, e eu chuto que tem algo provavelmente a ver com os primeiros concílios, onde os caras começam a estabelecer o que é "bíblico" e "canônico" e o que não é -- algo que até onde eu sei seguiu controverso por 15 séculos, com o cânon do velho testamento inclusive tomando dimensões de relevância diferentes das que os judeus definiam entre si. Eu sei pouco a respeito disso, mas me soa tremendamente arbitrária as definições de cânon.

3) Um outro complicador é essa questão de os evangelhos serem escritos em grego. Até onde eu sei, a crítica não sabe se os escritos do novo testamento foram mesmo escritos pelos autores designados, e eu até tendo a tomar que sim (pra simplificar a questão -- mas por suspensão de descrença), mas quando os caras escreveram esses textos (especialmente os evangelhos), Jesus já tinha morrido há anos, e é de se esperar que já vigorava uma série de 'teologias' primitivas que sem dúvidas influenciaram a escolha das palavras -- mas sem os seguintes questionamentos que depois depurariam as doutrinas.

É mais fácil pra mim crer que determinadas teologias preconcebidas influenciaram a escolha de certos livros na formação de um cânon, e uma vez que esse cânon estivesse mais ou menos estabelecido, ele fosse então usado como instrumento pra combater os questionamentos subsequentes. Digo, "mais ou menos estabelecido" porque as polêmicas sobre determinados livros (e determinados trechos) seguiram adiante indefinidamente, até a reforma protestante -- pelo menos até onde eu sei.

Paztejamos

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